domingo, 17 de março de 2013

Reforma e Contra-Reforma Religiosa


Os movimentos religiosos conhecidos como Reforma, tinham ligação direta com o desenvolvimento do comércio e com a formação de uma nova classe social, a burguesia. Deu-se o nome de protestantismo a todos os movimentos que nesse período romperam com a Igreja Católica.

Causas da Reforma Protestante

O homem renascentista não era o mesmo homem do período feudal. Agora ele se tornara o centro das atenções. Os ideais renascentistas influenciaram muito o pensamento dessa época.
A crítica a Igreja por ter se distanciado dos ideais da igreja primitiva de humildade e pobreza. A igreja nessa época vivia no luxo, acumulando riquezas com a venda de relíquias tidas como sagradas e a cobrança de altos impostos dos camponeses.
A formação das monarquias nacionais, com um rei dominando um território nacional, aumentava o conflito com a igreja e diminuía a autoridade dela.
A questão do lucro. A igreja católica acumulava riquezas materiais através de artigos de luxo, obras de arte e terras, mas condenava o lucro como pecaminoso e os juros como roubo. Ora, a burguesia que buscava crescer acumulava sua riqueza exatamente no lucro e nos juros dos empréstimos. Era impossível conciliar essas posições, e as pessoas não queriam agir contra as leis divinas.
Os pregadores calvinistas difundiam a ideia de que aquele que ganhasse dinheiro legalmente e o acumulasse estava, na verdade, agindo segundo so caminhos de Deus.
O fator terras também foi importante. A igreja era uma das maiores detentoras de terra e os nobres viam nos movimentos de reforma uma oportunidade de se apropriarem dela.

O início na Alemanha

Enquanto a França, Portugal, Espanha e Inglaterra eram países unificados, com um rei no poder, a Alemanha não existia enquanto nação. Isso significa que não havia um poder central. Havia um imperador que exercia uma teórica autoridade, com pouquíssima força pública. Na verdade o poder estava distribuído sobre os pequenos estados dominados por príncipes, nobres e membros do alto clero.
A igreja católica representava tudo o que estava ligado às práticas feudais. Os impostos que a igreja mandava para Roma enfraqueciam ainda mais o poder do imperador. Ao mesmo tempo, a burguesia alemã, via a igreja como um sério obstáculo a suas atividades. Pois a igreja era a maior detentora de terras da Alemanha. Os camponeses também tinham motivos para discordar dos rumos da igreja católica, porque os impostos feudais cobrados eram muito pesados e exigiam duras jornadas de trabalho.
Foi neste contexto que surgiu a reforma protestante.

Lutero e as 95 teses contra o papado

Martinho Lutero era um monge agostiniano, bastante místico, que vivia na Saxonia, sob a proteção do príncipe Frederico. Ao entrar em contato com a ideias de humanistas como Erasmo de Roterdam e os escritos de Santo Agostinho e São Paulo, Lutero concluiu que de nada valiam os jejuns, as peregrinações e as boas ações em favor da Igreja ou a ajuda dos padres e santos para obter a graça divina; apenas a fé conseguiria salvar os homens.
Sua descrença na igreja aumentou muito no ano de 1517, quando o papa encarregou um padre de arrecadar dinheiro na Alemanha com a venda de indulgencias. Em outubro de 1517 afixou a porta da catedral onde era pregador as 95 proposições contra o papado. Passou então a ser perseguido pela Igreja e por isso recebeu maior proteção do príncipe da Saxonia. Durante o período em quem esteve foragido no castelo do príncipe, Lutero formulou as ideias básicas que deram origem a Reforma. Negava que a salvação do homem dependesse de obras materiais. Lutero achava que a única coisa capaz de salvar o homem do pecado era a fé. O homem não precisaria de intermediário para entrar em contato com Deus e o clero podia ser dispensado.
A ideia do livre exame era uma das mais importantes inovações de Lutero; todo homem poderia interpretar a Bíblia segundo sua própria consciência.
Os nobres alemães ficaram muito satisfeitos quando Lutero condenou a Igreja Catolica, pois isso lhes daria uma justificativa religiosa para tomar as terras do clero. Mas parte da nobreza, ligada a Igreja por interesses, reagiu aos bandos armados que investiam contra as terras eclesiásticas e as lutas se estenderam de 1522 a 1523. A Igreja conseguiu manter parte de seus feudos, castelos e bispados. Após a revolta da nobreza, o Sacro Império foi varrido por uma rebelião bem mais violenta, a guerra dos camponeses. O líder dessa rebelião foi Tomas Munzer, que pregava a reforma agrária e a igualdade social.
Em vez de apoiar a rebelião camponesa, Lutero condenou-a e propôs aos nobres protestantes e católicos uma união para esmagar o inimigo comum, que era os camponeses. Em maio de 1525, a rebelião foi esmagada: mais de cem mil camponeses foram mortos, inclusive Munzer. Mas suas pregações originaram a seita protestante dos anabatistas (quacker).
Dominada a revolta camponesa, os protestantes se reorganizaram para lutar contra o imperador, que na época era Carlos V, da poderosa família dos Habsburgos, senhor também da Espanha, Paises Baixos e parte da Italia. Os príncipes protestantes formaram em 1531 uma poderosa aliança militar para lutar contra as forças do imperador. A luta só terminou com a assinatura da Paz de Augsburgo, em 1555, que dava o direito de cada príncipe impor a sua própria religião em seu território, o que equivalia a uma derrota do imperador.
Da Alemanha o movimento luterano alcançou a região da Suecia e Noruega, dominadas então pela Dinamarca. Em 1523, a Suecia rebelou-se contra o domínio dinamarquês sob a liderança de Gustavo, que foi coroado primeiro rei da Suecia. Gustavo converteu-se ao luteranismo e apossou-se dos bens da igreja. O catolicismo praticante desapareceu do pais.

O Calvinismo

João Calvino era um estudioso de leis, formado pela universidade de Paris. Impregnado pelas ideias humanistas, aderiu ao movimento de reforma. Mas Paris , iniciaou uma intensa perseguição aos que se mostravam simpáticos aos ideais de Lutero. Calvino foi perseguido e por essa razão, foi obrigado a fugir para Genebra, na Suíça.
Foi lá que definiu seus conceitos religiosos e os publicou em 1536, sob o título de Instituições da Religião Cristã.
Seus ideais foram aceitos com facilidade pelos burgueses de Genebra e em pouco tempo a cidade caiu no poder de Calvino, que a governou com mão de ferro até a sua morte.
Todas as suas leis eram formuladas por uma congregação do clero e a moral pública e particular eram rigidamente controlada. Os divertimentos eram praticamente proibidos, só o trabalho era importante. Estes ideais eram perfeitos para uma classe que objetivava o acúmulo de riquezas.
O calvinismo difundiu-se por várias regiões da Europa, principalmente na Escócia, onde recebeu o nome de presbiterianismo. Na França, o calvinismo foi duramente perseguido.

A Reforma na Inglaterra: o Anglicanismo

Na Inglaterra quem dominava era a dinastia Tudor. Henrique VIII pretendia continuar a política de centralização de seu pai, mas encontrava na nobreza e principalmente na igreja católica um grande obstáculo.
Inicialmente Henrique VIII condenava o movimento reformista, mas em 1533 pediu a anulação de seu casamento, que foi negado pelo papa. Ele aproveitou o pretexto para romper com a igreja. O Parlamento inglês apoiou sua atitude e aprovou em 1534 o Ato de Supremacia que mantinha a igreja sob autoridade do rei. Nascia dessa forma, uma igreja nacional, independente de Roma, a Igreja Anglicana.
A Igreja Anglicana era igual a Católica, só que não reconhecia a autoridade do papa. Como nem católicos e nem protestantes concordavam com essa situação, o rei passou a perseguir os dois. A confusão só foi controlada, quando a rainha Isabel I subiu ao trono e oficializou o anglicanismo inglês como religião oficial em 1558.

Contra-Reforma ou Reforma Católica

A igreja católica estava bastante enfraquecida então os papas resolveram reagir a situação e impedir que a reforma protestante se expandisse ainda mais. Essa reação ficou conhecida como Contra-Reforma ou Reforma Católica.
Uma das primeiras ações da igreja católica foi restaurar o poder do antigo tribunal da Santa Inquisição, que julgava todos os que difundiam novas ideias religiosas, isto é, o protestantismo.
Além o Tribunal do Santo Ofício, como era conhecido a Inquisição, a igreja criou o Inex Librorum Proibitorum, uma lista de livros considerados proibidos para os católicos.
O Concílio de Trento, reunido desde  1545, formulou programas de novas formas de combater o protestantismo. Para isso os padres deveriam estudar o catolicismo a fundo, coisa que não ocorria anteriormente.
A igreja reforçou seu poder com novas ordens religiosas. Uma dessas foi a Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola em 1534. Nascia assim a ordem dos jesuítas, como ficaram conhecidos seus integrantes.
Os jesuítas transformaram-se em educadores dos filhos da nobreza, para mantê-los fiéis ao catolicismo. Foram também responsáveis pela catequização dos indígenas das colônias espanholas e portuguesas na América.
A Companhia de Jesus fortaleceu o catolicismo dentro dos países que permaneceram fiéis à igreja católica.

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