terça-feira, 21 de maio de 2013

A Vinda da Família Real ao Brasil em 1808

No início do século XIX, a Europa estava agitada pelas guerras. Inglaterra e França disputavam a liderança no continente europeu.
Em 1806, Napoleão Bonaparte, imperador da França, decretou o Bloqueio Continental, proibindo que qualquer país aliado ou ocupado pelas forças francesas comercializasse com a Inglaterra. O objetivo do bloqueio era arruinar a economia inglesa. Quem não obedecesse, seria invadido pelo exército francês.
Portugal viu-se numa situação delicada.   Nessa época, Portugal era governado pelo príncipe regente D. João, pois sua mãe, a rainha D. Maria I, enlouquecera. D. João não podia cumprir as ordens de Napoleão e aderir ao Bloqueio Continental, pois tinha longa relação comercial com a Inglaterra, por outro lado o governo português temia o exército francês.
Sem outra alternativa, Portugal aceitou o Bloqueio, mas, continuou comercializando com a Inglaterra. Ao descobrir a trama, Napoleão determinou a invasão de Portugal em novembro de 1807. Sem condições de resistir à invasão francesa, D. João e toda a corte portuguesa fugiram para o Brasil, sob a proteção naval da marinha inglesa. A Inglaterra ofereceu escolta na travessia do Atlântico, mas em troca exigiu a abertura dos portos brasileiros aos navios ingleses.
A corte portuguesa partiu às pressas de Lisboa sob as vaias do povo, em 29 de novembro de 1807. Na comitiva vinha D. João, sua mãe D. Maria I, a princesa Carlota Joaquina; as crianças D. Miguel, D. Maria Teresa, D. Maria Isabel, D. Maria Assunção, D. Ana de Jesus Maria e D. Pedro, o futuro imperador do Brasil e mais cerca de 15 mil pessoas entre nobres, militares, religiosos e funcionários da Coroa. Trazendo tudo o que era possível carregar; móveis, objetos de arte, jóias, louças, livros, arquivos e todo o tesouro real imperial.
Após 54 dias de viagem a esquadra portuguesa chegou ao porto de Salvador na Bahia, em 22 de janeiro de 1808. Lá foram recebidos com festas, onde permaneceram por mais de um mês.
Seis dias após a chegada D. João cumpriu o seu acordo com os ingleses, abrindo os portos brasileiros às nações amigas, isto é, a Inglaterra. Eliminando em parte o monopólio comercial português, que obrigava o Brasil a fazer comércio apenas com Portugal.
Mas o destino da Coroa portuguesa, era a capital da colônia, o Rio de Janeiro, onde D. João e sua comitiva desembarcaram em 8 de março de 1808 e onde foi instalada a sede do governo.
Na chegada ao Rio de Janeiro, a Corte portuguesa foi recebida com uma grande festa: o povo aglomerou-se no porto e nas principais ruas para acompanhar a Família Real em procissão até a Catedral, onde, após uma missa em ação de graças, o rei concedeu o primeiro "beija-mão".
A transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro provocou uma grande transformação na cidade.  D. João teve que organizar a estrutura administrativa do governo. Nomeou ministros de Estado, colocou em funcionamento diversas secretarias públicas, instalou tribunais de justiça e criou o Banco do Brasil (1808).
Era preciso acomodar os novos habitantes e tornar a cidade digna de ser a nova sede do Império português. O vice-rei do Brasil, D. Marcos de Noronha e Brito cedeu sua residência, O Palácio dos Governadores, no Lago do Paço, que passou a ser chamado Paço Real, para o rei e sua família e exigiu que os moradores das melhores casas da cidade fizessem o mesmo. Duas mil residências foram requisitadas, pregando-se nas portas o "P.R.", que significava "Príncipe Regente", mas que o povo logo traduziu como "Ponha-se na Rua". Prédios públicos, quartéis, igrejas e conventos também foram ocupados. A cidade passou por uma reforma geral: limpeza de ruas, pinturas nas fachadas dos prédios e apreensão de animais.
As mudanças provocaram o aumento da população na cidade do Rio de Janeiro, que por volta de 1820, somava mais de 100 mil habitantes, entre os quais muitos eram estrangeiros – portugueses, comerciantes ingleses, corpos diplomáticos – ou mesmo resultado do deslocamento da população interna que procurava novas oportunidades na capital.
As construções passaram a seguir os padrões europeus. Novos elementos foram incorporados ao mobiliário; espelhos, bibelôs, biombos, papéis de parede, quadros, instrumentos musicais, relógios de parede.
Com a Abertura dos Portos (1808) e os Tratados de Comércio e Navegação e de Aliança e Amizade (1810) estabelecendo tarifas preferenciais aos produtos ingleses, o comércio cresceu. O porto do Rio de Janeiro aumentou seu movimento que passou de 500 para 1200 embarcações anuais.
A oferta de mercadorias e serviços diversificou-se. A Rua do Ouvidor, no centro do Rio, recebeu o cabeleireiro da Corte, costureiras francesas, lojas elegantes, joalherias e tabacarias. A novidade mais requintada era os chapéus, luvas, leques, flores artificiais, perfumes e sabonetes.
Para a elite, a presença da Corte e o número crescente de comerciantes estrangeiros trouxeram familiaridade com novos produtos e padrões de comportamento em moldes europeus.  As mulheres seguindo o estilo francês; usavam vestidos leves e sem armações, com decotes abertos, cintura alta, deixando aparecer os sapatos de saltos baixos. Enquanto os homens usavam casacas com golas altas enfeitadas por lenços coloridos e gravatas de renda, calções até o joelho e meias. Embora apenas uma pequena parte da população usufruísse desses luxos.
Sem dúvida, a vinda de D. João deu um grande impulso à cultura no Brasil.
Em abril de 1808, foi criado o Arquivo Central, que reunia mapas e cartas geográficas do Brasil e projetos de obras públicas. Em maio, D. João criou a Imprensa Régia e, em setembro, surgiu a Gazeta do Rio de Janeiro. Logo vieram livros didáticos, técnicos e de poesia. Em janeiro de 1810, foi aberta a Biblioteca Real, com 60 mil volumes trazidos de Lisboa.
Criaram-se as Escolas de Cirurgia e Academia de Marinha (1808), a Aula de Comércio e Academia Militar (1810) e a Academia Médico-cirúrgica (1813). A ciência também ganhou com a criação do Observatório Astronômico (1808), do Jardim Botânico (1810) e do Laboratório de Química (1818).
Em 1813, foi inaugurado o Teatro São João (atual João Caetano). Em 1816, a Missão Francesa, composta de pintores, escultores, arquitetos e artesãos, chegaram ao Rio de Janeiro para criar a Imperial Academia e Escola de Belas-Artes. Em 1820, foi a vez da Real Academia de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura civil.
A presença de artistas estrangeiros, botânicos, zoólogos, médicos, etnólogos, geógrafos e muitos outros que fizeram viagens e expedições regulares ao Brasil – trouxe informações sobre o que acontecia pelo mundo e também tornou este país conhecido, por meio dos livros e artigos em jornais e revistas que aqueles profissionais publicavam. Foi uma mudança profunda, mas que não alterou os costumes da grande maioria da população carioca, composta de escravos e trabalhadores assalariados.
Com a vitória das nações européias contra Napoleão em 1815, ficou decidido que os reis de países invadidos, pela França deveriam voltar a ocupar seus tronos.
D. João e sua corte não queriam retornar ao empobrecido Portugal. Então o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves (uma região ao sul de Portugal). O Brasil deixava de ser Colônia de Portugal, adquiria autonomia administrativa.
Em 1820, houve em Portugal a Revolução Liberal do Porto, terminando com o Absolutismo e iniciando a Monarquia Constitucional. D. João deixava de ser monarca absoluto e passava a seguir a Constituição do Reino. Dessa forma, a Assembléia Portuguesa exigia o retorno do monarca. O novo governo português desejava recolonizar o Brasil, retirando sua autonomia econômica.
Em 26 de abril de 1821, D. João VI cedendo às pressões, volta a Portugal, deixando seu filho D.Pedro como príncipe regente do Brasil.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

EGITO E MESOPOTÂMIA

O Egito




A civilização egípcia antiga desenvolveu-se no nordeste africano as margens do rio Nilo, como a região é formada por um deserto (Saara), o rio Nilo ganhou uma extrema importância para os egípcios. O rio era utilizado como via de transporte de mercadorias e pessoas. As águas do rio Nilo também eram utilizadas para beber, pescar e fertilizar as margens, nas épocas de cheias, favorecendo a agricultura.
Na região mais próxima ao mar Mediterrâneo, o rio Nilo forma um grande delta, cuja terras eram muito férteis. Essa região ficou conhecida como BAIXO EGITO. A partir da cidade de Mênfis na direção do sul, ficava o ALTO EGITO cuja terras férteis constituíam uma estreita faixa ao longo do rio.
A história do Egito divide-se em três grandes períodos: Antigo ou Alto Império, Médio Império e Novo ou Baixo Império.

Antigo Império 3200 – 2000 a.C.
O primeiro Imperador do Egito foi Menés que unificou o Alto e o Baixo Egito iniciando o período conhecido como Antigo Império. A capital era a cidade de Tinis, mas com a sucessão de faraós ao longo do tempo, a capital mudou para Menfis.
Neste período foram construídas as Pirâmides de Quéops, Quefrem e Miquerinos. As pirâmides são consideradas como grandes sepulturas destinadas aos faraós. Tinham a finalidade de proteger o corpo do faraó, assim como seus pertences: jóias, armas e alguns objetos; quanto maior fosse a pirâmide, maior seria a sua glória. Os egípcios acreditavam na vida após a morte, por esta razão, enterravam os faraós com os seus pertences, para que fossem utilizados pelo mesmo em outra vida.
A religião era politeísta, com cultos a Amon –Rá, Osíris, Ísis, Hórus e Set, além de deuses menores.
Durante o Antigo Império existiu uma grande centralização política, o que garantiu aos seus comandantes o poder político, religioso e militar, dando status de deus ao faraó, o qual acreditavam que tinham poder sob as cheias do Nilo, garantindo alimento a todos.
Ao longo do tempo alguns faraós não apresentaram a mesma habilidade política que os anteriores, o que proporcionou várias crises internas, possibilitando o fortalecimento dos monarcas (líderes das tribos que compunham o Egito conhecidas como “nomos”) e também dos sacerdotes que deixaram de respeitar o faraó.
O Médio Império. (2000 – 1750 a.C.)
Durante este período, os faraós conseguiram novamente centralizar o poder e estabeleceram na cidade de Tebas a nova capital. O destaque desta nova era são as grandes obras de irrigação, que proporcionaram aumento na produção de alimentos e uma certa tranqüilidade interna, o que durou até ocorrer a invasão do hicsos, povo da Ásia Menor, que  utilizavam-se de cavalos, carros de guerra e armas de ferro desconhecidos pelo egípcios. Nesse período, os hebreus também invadiram o Egito e passaram a se localizar na região produtiva do delta do Nilo juntamente com os hicsos, isolando a capital de Tebas.
O Novo Império (1580 – 622 a.C)
O Novo Império destaca-se num primeiro momento pelo movimento nacionalista/militar liderado por Amósis I que culminou na expulsão dos hicsos e na escravização dos hebreus até 1250 a.C., período relatado no livro do Êxodo.
Neste período nota-se uma documentação um pouco maior devido à proximidade temporal, o que não significa que poderemos relatar toda esta fase. Abaixo segue um pequeno resumo sobre alguns faraós que se destacaram neste período:
Tutmés III : ampliação do Império.
Ramsés II :  ampliação do Império, derrotou os hititas, povo que vivia ao norte da Palestina, a sua vitória possibilitou a aquisição de riquezas para as construções dos templos de Luxor e Karnac.
Amenófis IV ou Amen-hotep IV: para anular o poder dos sacerdotes que voltava a crescer e minimizava o poder do faraó, Amenófis IV instituiu o culto monoteísta ao deus Aton, “circulo solar”, realizando uma grande reforma religiosa, descontentando os sacerdotes. Para fortalecer o seu poder, o Faraó mudou a capital para Tell el-Amarna, e nomeou-se o único mestre religioso, mudando seu nome para Akhenaton. Era casado com a rainha Nefertiti ou Nefertire e juntos, lideraram o culto monoteísta desafiando os sacerdotes e, apesar da resistência, conseguiram um grande número de adeptos em todo o Egito. Sobre essa questão, é importante ressaltar que é possível encontrar em algumas fontes informações que sugerem que a rainha poderia ter governado o Egito como Rainha Faraó após a morte do esposo, sendo obrigada a restabelecer o politeísmo. Tal hipótese não é aceita amplamente pelos egiptólogos e a tese mais aceita é a de que a rainha teria falecido no parto do filho Tutankhaton e o Faraó teria se casado novamente. Infelizmente muitos documentos que remontam a este período foram perdidos ou destruídos ou para os mais esperançosos, ainda não foram encontrados pela arqueologia. Com a morte de Akhenaton os sacerdotes obrigam Tutankhaton a mudar o seu nome para Tutankhamon e restabelecem o politeísmo. A mudança nas últimas letras simbolizaria o culto a “Aton – monoteísta” e a “Amon – politeísmo” relembrando Amon-rá e os outros deuses. Tutankhamon ainda tentou restabelecer o monoteísmo, mas foi impedido pelos sacerdotes.
A sociedade estava dividida em várias camadas, sendo que o faraó era a autoridade máxima, chegando a ser considerado um deus na Terra. Os escravos também compunham a sociedade egípcia e, geralmente, eram pessoas capturadas em guerras. Trabalhavam muito e nada recebiam por seu trabalho, apenas água e comida.
A escrita também foi algo importante para este povo, pois permitiu a divulgação de idéias, comunicação e controle de impostos. Existiam duas formas principais de escrita: a demótica (mais simplificada) e a hieroglífica (mais complexa e formada por desenhos e símbolos).
A economia  era baseada principalmente na agricultura que era realizada, principalmente, nas margens férteis do rio Nilo. Os egípcios também praticavam o comércio de mercadorias e o artesanato.
A religião  era repleta de mitos e crenças interessantes. Acreditavam na existência de vários deuses (muitos deles com corpo formado por parte de ser humano e parte de animal sagrado) que interferiam na vida das pessoas. As oferendas e festas em homenagem aos deuses eram muito realizadas e tinham como objetivo agradar aos seres superiores, deixando-os felizes para que ajudassem nas guerras, colheitas e momentos da vida.  Cada cidade possuía deus protetor e templos religiosos em sua homenagem.
Como acreditavam na vida após a morte, mumificavam os cadáveres dos faraós colocando-os em pirâmides, com o objetivo de preservar o corpo.
Essa civilização  destacou-se muito nas áreas de ciências. Desenvolveram conhecimentos importantes na área da matemática, usados na construção de pirâmides e templos. Na matemática, os procedimentos de mumificação, proporcionaram importantes conhecimentos sobre o funcionamento do corpo humano.
Na arquitetura destacam-se a construção de templos, palácios e pirâmides. Estas construções eram financiadas e administradas pelo governo dos faraós. Grande parte delas eram erguidas com grandes blocos de pedra, utilizando mão-de-obra escrava. As pirâmides e a esfinge de Gizé são as construções mais conhecidas do Egito Antigo.



A Mesopotâmia


A Mesopotâmia abrigou as primeiras sociedades conhecidas e era localizada entre os rios Tigre e Eufrates.
Nessa região viveram vários povos como sumérios, babilônios, acádios e etc., esses povos adaptaram-se a esse lugar construindo diques e barragens para se defender das cheias dos rios.
Organizaram-se em aldeias onde havia a divisão do trabalho em grupos, essas aldeias deram origem as primeiras cidades, onde ainda era preservada a vida rural, misturando o espaço urbano com regiões de pastoreio.
Os mesopotâmicos eram politeístas e as decisões nessas cidades eram tomadas pelos grupos mais poderosos: os sacerdotes, o rei e sua corte.
Além das funções religiosas os sacerdotes também exerciam atividades econômicas, com as oferendas recebidas pelos fiéis acumularam rico patrimônio, e para controlar essas finanças começaram a desenvolver um sistema de escrita e numeração.
A escrita dos povos sumérios é a que possui a mais antiga datação, e os primeiros sinais dessa escrita era pictográfico, que consistiam em desenhos figurativos do objeto representado, mas que com o passar do tempo começaram a representar os sons da fala humana, e a registrar com estilete em forma de cunha na argila.
Na Mesopotâmia também se desenvolveram os primeiros “códigos de justiça” escritos, onde se destaca o de Hamurábi com 280 códigos, onde encontramos o principio do talião que diz que a pena não seria uma vingança arbitrária, mas proporcional à ofensa provocada pelo criminoso, essa pena podia ser revertida em uma recompensa econômica como gado, terra, armas e etc.


quinta-feira, 18 de abril de 2013

A ASCENSÃO DO NAZISMO NA ALEMANHA


Viu-se que, após a Primeira Guerra, o Tratado de Versalhes (1914) impôs duras condições aos perdedores. Rica em carvão e aço e com a maior população da Europa, a Alemanha perdeu parte dos seus territórios para a Polônia e os novos Estados criados no Leste Europeu. Alem disso, ficou sujeita a pagar uma pesada indenização e sofreu serias restrições militares.
No inicio dos anos 1920, os alemães enfrentaram uma enorme instabilidade política e econômica. Uma inflação gigantesca e o desemprego em massa assombravam os trabalhadores e a classe media. Apenas as empresas de exportação e os especuladores acumulavam grandes fortunas com a desvalorização da moeda. O novo governo conhecido como Republica de Weimar, sob a liderança do Partido Social-Democrata – responsável pela assinatura do Tratado de Paz-, logo passou a sofrer a oposição de parte da população.
Já em 1919, entre tantos grupos contrários ao Tratado de Versalles, pregando o revanchismo alemão, foi criado o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães ou Partido Nazista ultranacionalista e anticomunista. Logo, Adolf  Hitler (1889-1945), ex-combatente a Primeira Guerra, tornou-se o principal líder do partido. Grupos armados, paramilitares, organizaram-se para proteger suas reuniões e invadir as de seus opositores. Surgiram, assim, as tropas de assalto na AS (camisas pardas).
Em 1923, Hitler tentou dar um Golpe de Estado e foi condenado a cinco anos de prisão, mas cumpriu apenas oito meses. Enquanto estava detido, escreveu a autobiografia Mein kampf (Minha luta) na qual expôs seus principais pensamentos sobre a superioridade ariana e a necessidade de se impor as demais nações.
A crise de 29, com o consequente corte de empréstimos externos, interrompeu o processo de recuperação econômica da Alemanha. O aumento das falências, do desemprego e da pobreza favoreceu a ascensão de extremistas políticos – de direita e de esquerda – que se tornaram maioria no Parlamento. Nesse contexto, as tropas de assalto impuseram a violência nas ruas por meio de confrontos contra seus opositores.
Assustados com o crescimento do comunismo empresários e latifundiários reviram a possibilidade de apoiar Hitler para conter o caos social. Nessa conjuntura, os nazistas receberam recursos para sua propaganda e o partido tornou-se o segundo maior da Alemanha. Muitos alemães passaram a acreditar que a Republica de Weimar lhes havia sido imposta pelos aliados.

O Terceiro Reich

Em 1933, exercendo forte pressão sobre o presidente Hindenburg, Hitler, mesmo derrotado nas eleições do ano anterior, foi nomeado chanceler e propôs a construção do Terceiro Reich (Terceiro Império Alemão).
Um incêndio no Reichstag (Parlamento) foi atribuído a uma conspiração comunista. Os parlamentares conferiram plenos poderes a Hitler. Os partidos políticos foram dissolvidos e as liberdades, suprimidas, restando apenas o Partido Nazista.
No ano seguinte com a morte de Hindenburg, Hitler incorporou a função de presidente e tornou-se o Führer (líder) do povo alemão. A AS invadiu e fechou sindicatos. No lugar destes, foi criada a Frente dos Trabalhadores Alemães, uma associação compulsória em que eles não tinham voz ativa. Foi fundada, também, a Gestapo, policia secreta nazista. Suas ações geraram um período de intimidação e violência. Surgiram os primeiros campos de concentração, para onde os opositores do regime foram enviados. As SS (fardas pretas), corpo paramilitar de elite, ganharam ainda mais poderes.
Em 1935, Adolf Hitler, contrariando o estabelecido em Versalhes, impôs o alistamento obrigatório e deu inicio á construção da marinha militar e á criação de uma força aérea. No ano seguinte, remilitarizou a Renânia, instalando fábricas de armamentos e acelerando o rearmamento alemão.
Com o salto na indústria bélica e o surgimento de uma economia de guerra, houve uma rápida recuperação econômica do país. Foram construídas estradas e grandes obras públicas e, com elas, o desemprego diminuiu. Ao mesmo tempo, o nazismo era introduzido nas escolas, nas universidades, nos tribunais, na arte, na cultura e na indústria.
Para muitos alemães, Hitler tirou o país da falência, tornando-o, novamente, a nação mais poderosa da Europa continental. Com a oposição praticamente eliminada, o Führer passou a ser venerado por milhões de alemães e admirado e imitado, até mesmo, externamente.

Um Estado Totalitário

O programa do Partido Nazista trazia 25 princípios e proposições para se chegar á constituição de uma “Grande Alemanha”. Algumas propostas de esquerda, como a reforma agrária, a participação dos empregos nos lucros e a nacionalização dos trustes estavam presentes. Entretanto, tais metas foram abandonadas quando os nazistas assumiram o poder.
O amplo projeto de controle social, guerra e racismo estavam explicito desde o inicio da pregação nazista: o antissemitismo; o sufocamento do movimento operário, com a aniquilação do bolchevismo; e a reivindicação do espaço vital, com o impulso para o leste e a conquista da hegemonia sobre a Europa continental.
A adesão de parte da população a tal projeto, no qual a intolerância era levada ao extremo, é, ainda hoje, objeto de debates e controvérsias. Muitos autores consideram que a propaganda nazista foi plantada em terreno fértil, manipulando desejos, preconceitos e ódios, já existentes entre a população. Outros dão mais ênfase à situação econômica e social da Alemanha e á violenta repressão, isto é, não tratam apenas do poder de cooptação da propaganda, direta ou dissimulada, e do compartilhamento de ideologia do Terceiro Reich.
Sob a liderança de Josef Goebbels (1897-1945), uma concepção da propaganda como arma psicológica capaz de atingir a emoção das massas elevou as técnicas de persuasão política a patamares desconhecidos até então. O uso de pouquíssimas máximas, repetidas incessantemente por diversos meios, inclusive cinema e o radio, consolidou-se como uma maneira de destruir os inimigos e formar o “novo homem” nazista.
A arte, a literatura, a arquitetura, enfim, todos os aspectos da cultura foram minuciosamente pensados como forma de propaganda do regime. Isso incluía também um forte investimento da educação, ou seja, na modelagem e formação de caráter das gerações mais jovens. Manuais escolares e professores eram preparados para reproduzir a ideologia nazista. Em 1936, a adesão à juventude hitlerista, organização do partido, tornou-se obrigatória para os adolescentes. Ideais de disciplina, sacrifício, sangue, poder, força, militarização, trabalho, esporte, etc, eram mobilizados para criar uma imagem positiva de felicidade, ligada á preparação de uma “raça vigorosa e pura”, disposta a matar e morrer pelo Führer.
O principal elemento da propaganda política era o extenso calendário de cerimônias e festividades institucionalizadas pelo nazismo. Os gestos e símbolos – os uniformes, a saudação “Heil Hitler”, a bandeira nazista, os emblemas da águia e a suástica – tinham excepcional importância.
Os comícios, desfiles e paradas era meticulosamente preparados, teatralizando um espetáculo para e com as massas. Bandeiras, luzes, corpos em sincronia – verdadeiras ondas humanas – e símbolos reforçavam um sentimento de comunhão quase religiosa entre a população e seu líder.
Além do uso da propaganda e da persuasão tentavam-se eliminar a multiplicidade de ideias por meio da violência física e psicológica, fazendo com que poucos, ao menos abertamente, ousassem discordar do regime. Assim, a queima publica de livros proibidos, a eliminação dos inimigos e o aparato policial, visível e invisível, compunham uma atmosfera de ameaça constante para todos. O medo, a inveja e a ambição levavam a população a se envolver ativamente no jogo de sentinela da ordem nazista, fazendo com que a vigilância estivesse em todos os lugares.
Dessa maneira, o nazismo instalava-se no cotidiano das pessoas comuns. Os meios de comunicação, associações, empresas, igrejas, escolas e universidades eram integrados ao partido. Buscavam-se a abolição das barreiras entra a vida publica e a privada, com a abertura de correspondência, investigações policiais constantes e o incentivo á delação.
Essa pretensão de conquistar e controlar toda a sociedade levou estudiosos do tema, como a filosofa Hannah Arendt, a considerar a Alemanha nazista e também a União Soviética, comandada por Josef Stalin, como regimes totalitários.

O Estado totalitário não simbolizam apenas a ditadura. Além da eliminação do espaço para as diferenças, ele visava a domesticação das vontades por meio da obediência e a da autodisciplina, fazendo com que cada individuo se identificasse com o regime.
Mesmo os laços sociais fundamentais, como a família, as amizades e as camaradagens, deviam se juntar ao partido na busca de uma lealdade total e incondicional.
Embora a intenção fosse reformar um corpo social único e indivisível, estudos recentes mostram que, mesmo que sutis e raras, houve resistências internas ao nazismo e ao stalinismo.

Fonte Bibliográfica:
MORENO, Jean Carlos & VIEIRA, Sandro. História, cultura e sociedade. Curitiba: Positivo, 2010

quarta-feira, 17 de abril de 2013

A UTOPIA, O PRÍNCIPE E A COCANHA


As duas obras trabalhadas nesta situação de aprendizagem nos convidam a, pensar e refletir sobre os dois estudiosos renascentistas (Nicolau Maquiavel e Thomas Morus) e suas relações com o imaginário popular dentro de uma relação de “circularidade” cultural entre o erudito e o popular.
Nicolau Maquiavel, um dos principais pensadores políticos da península Itálica no século XVI, foi alto funcionário da chancelaria de Florença e designado para tratar de assuntos externos da República florentina. Sua obra principal, O Príncipe, foi publicada no final de sua vida e reflete o pragmatismo típico de um funcionário que transitou entre as esferas de poder da Europa e conheceu os jogos políticos de seu tempo. Evidencia a grande fragilidade dos Estados europeus, ainda em processo de formação, e como se colocavam os governantes e políticos diante das circunstâncias que lhes apareciam. Leia o texto a seguir:

“O príncipe, de todo modo, deverá fazer-se temido, de sorte que, em não granjeando a estima, ao menos evitará ser o alvo de ódios, afinal, é perfeitamente possível a um só tempo fazer-se temido sem fazer-se odiado, o que, aliás, ocorrerá sempre que ele se abstiver dos bens dos seus concidadãos e dos seus súditos, bem como das mulheres destes.
E, se ainda precisar atentar contra o sangue de alguém, deverá fazê-lo com uma decorosa justificação e com uma razão manifesta.
Mas, sobretudo, deverá ele abster-se dos bens de outrem, visto que os homens não tardam tanto a esquecer a morte de um pai quanto a perda de um patrimônio.”
MAQUIAVEL, Nicolau.  O Príncipe. Porto Alegre: LP&M, 2006.

Ele (Maquiavel) escreveu o livro em uma península não-unificada, com guerras e invasões estrangeiras constantes; a fragilidade de alguns governos italianos preocupava-o, se comparada com monarquias poderosas como a inglesa, a francesa e a espanhola.
A importância da obra de Maquiavel na época de sua produção deu-se principalmente, porque foi escrito durante a consolidação dos Estados Modernos europeus. Há durante todo o livro lições de como um governante deve agir para que o poder seja adquirido e mantido em suas mãos.

Paralelamente ao pragmatismo de Maquiavel, a Europa Medieval conviveu com inúmeras utopias, como o mito da Fonte da Juventude e o Reino do preste João, sendo a mais famosa delas a criada por Thomas Morus. No geral, elas constituíram as idealizações “de sociedades afortunadas, regidas por leis muito diferentes dos rígidos preceitos que ordenam a vida cotidiana. As utopias do século XVI desejaram fazer passar por concreto o que era exagerado e o que contrariava frontalmente as duras regras da vida real, refletindo um forte pessimismo em relação ao presente e uma grande esperança no futuro”.

O texto de Thomas Morus que você confere a seguir é uma utopia erudita, na qual se descreve uma ilha bastante organizada, onde os habitantes trabalham, possuem poucas leis, mas elas existem; há um regramento da alimentação, embasado na manutenção da saúde.
No caso das utopias populares, diferentemente da obra de Morus, o destaque é a Cocanha, região mitológica na qual as pessoas não trabalhavam, só havia vinho para beber, comida abundante, sexo ao bel-prazer e o melhor de tudo: nada disso tinha fim. Era uma quimera muito frequente no imaginário popular da época: “representou os anseios dos homens pobres do Renascimento, e uma recusa obstinada, por meio da imaginação, da precariedade da vida”.

“Os utopianos vivem em paz e amizade uns com os outros. Nenhum magistrado se mostra orgulhoso ou temível. Chamam-lhes pais e, de fato, agem como tal. Os cidadãos prestam-lhes as devidas homenagens, espontaneamente, sem qualquer coação.
O próprio príncipe não se distingue dos outros cidadãos por vestuário principesco, nem por coroa, diadema real ou manto, mas por um pequeno feixe de trigo que leva consigo. Espantam-se os utopianos que alguém seja tão louco que se deleite com o brilho incerto de uma pérola ou pedra preciosa, quando se pode olhar o brilho das estrelas e a luz do Sol. [...] Maravilham-se também que o ouro, por não servir para nada, seja mais estimado entre os outros povos que o próprio homem [...].”
MORUS, Thomas. Utopia. São Paulo: Martin Claret, 2004.

Ao descrever a ilha de Utopia, Morus fez duras críticas ao contexto inglês do século
XVI, sobretudo, ao poderio dos reis, da ganância gerada pela riqueza e pelo poder.
Ele escreveu a Utopia no século XVI, durante o reinado de Henrique VIII, em um contexto absolutista, no qual o poderio da monarquia inglesa atingiu seu ápice.
Morus foi executado por Henrique VIII, um dos principais admiradores de Maquiavel.

MOVIMENTO REPUBLICANO NO BRASIL


A causa abolicionista foi favorecida por alguns fatores: simpatia da classe média e do apoio os cafeicultores paulistas, a abolição da escravidão, sem indenização aos proprietários a questão religiosa e a questão militar.
Os cafeicultores, especialmente os da região do Vale do Paraiba ficaram descontentes com o fim da abolição, pois esperavam ser indenizados. Outros faliram, pois seus escravos eram muitas vezes grande parte do que possuíam e eles não tinham dinheiro para pagar os trabalhadores.

A Questão Religiosa
A constituição vigente no Brasil não separava Estado e Igreja e determinava também que nenhuma determinação do papa entrava em vigor sem o aval do imperador.
Em 1864, o Papa Pio IX ordenou que a igreja deveria agir contra a maçonaria. Isso porque em 1870 a Itália foi unificada e as regiões que antes pertenciam a Roma passaram a ser governadas por um Estado Laico.
O poder da Igreja diminuía cada vez mais e a maçonaria apoiava essas mudanças, inclusive o fim do ensino religioso nas escolas.
Mas aqui no Brasil a Igreja e a maçonaria conviviam bem. Existia inclusive, padre que eram maçons, muitos políticos, governantes e o próprio imperador também eram.
Os bispos de Olinda e do Pará acataram a ordem do papa e ordenaram a expulsão dos padres das confrarias.
As irmandades punidas recorreram ao governo que exigiu de D. Vital (Olinda) e D. Antônio (Pará) revogassem a sua decisão. Eles não aceitaram e foram julgados e presos em 1874.
Isso ocasionou um grande descontentamento entre os católicos. No ano seguinte, depois da intervenção do próprio papa, os bispos foram, anistiados.
Esse episódio ficou conhecido como Questão Religiosa (1872 – 1875). Os defensores da República eram contra a união entre Igreja e o Estado.

A Questão Militar
Após a guerra do Paraguai, o exercito assumiu uma postura de salvadores da pátria e por esse motivo, deveriam interferir na vida política brasileira.
Um episódio envolvendo o mestre de jangada Francisco Nascimento e o exercito ganhou grande repercussão na imprensa.
O mestre de jangada Francisco Nascimento recusou-se a embarcar escravos nas jangadas e transporta-los ate os navios que levariam para outras províncias.
O exercito apoiou sua decisão e o jangadeiro foi homenageado pelo tenente-coronel Antonio de Sena Madureira. Ele foi punido por seu superior e foi transferido para o Rio Grande do Sul.
Em 1885 Madureira publicou um jornal gaucho, um artigo sobre a homenagem ao jangadeiro. O ministro de guerra ordenou nova punição á Madureira, porem o Marechal Deodoro se negou a puni-lo.
Por causa de sua atitude Marechal Deodoro acabou sendo substituído de suas funções em 1886. O caso gerou grande descontentamento e revolta entre os oficiais que passaram a manifestar-se contra o Estado.

O Visconde de Ouro-Preto
Em 1889, D. Pedro II resolveu fazer uma serie de mudanças com intuito de enfrentar o movimento republicano e tentar ganhar apoio novamente.
D. Pedro nomeou o Visconde de Ouro Preto para o cargo de presidente do conselho de ministros.
Este por sua vez tratou de propor uma serie de mudanças como a liberdade religiosa e a autonomia das províncias, requeridas já ha algum tempo pelos republicanos.
Porem isso não deu certo pois os deputados não aprovaram as mudanças propostas por ele. Diante disso D. Pedro dissolveu a Câmara dos Deputados e convocou novas eleições, esperando que os novos deputados pudessem aprovar as mudanças propostas no dia 20 de novembro.
Enquanto um golpe militar era tramado pelos republicanos no Clube Militar nos dias 8 e 9 de novembro de 1889, D. Pedro II estava na Ilha Fiscal.
Marechal Deodoro da Fonseca foi convencido a chefiar a revolta embora não pretendesse por fim ao Império e nem derrubar o imperador, seu amigo pessoal.
No dia 15 de Novembro, Deodoro, mesmo doente, cavalgou com suas tropas para o Ministério de guerra onde o Visconde de Ouro Preto e diversos ministros foram se refugiar ao saberem da revolta militar.
Não houve resistência ao golpe Marechal Floriano Peixoto abriu as portas do quartel para a confraternização das tropas.
D. Pedro II que estava em sua casa em Petrópolis, desceu para o Rio de Janeiro para tentar controlar a situação mas não obteve sucesso.
Naquele mesmo dia a Republica foi proclamada e a noite os lideres republicanos organizaram um governo provisório.
A primeira medida tomada pelo novo governo foi a expulsão da família real que sem oferecer resistência, deixou o Brasil em 17 de Novembro.
D. Pedro morreu 2 anos depois em Paris, aos 66 anos de idade.

O ORIENTE PRÓXIMO E AS PRIMEIRAS CIDADES


O desenvolvimento da agricultura irrigada nas planícies dos grandes rios foi o fator econômico decisivo na fundação das primeiras cidades, no Oriente Próximo. O principal progresso técnico que a acompanhou foi a descoberta e uso do bronze (metal conseguido a partir da mistura do cobre e do estanho), que substituiu definitivamente a pedra na manufatura de todas as espécies de armas e ferramentas.
As primeiras cidades surgiram entre 3 500 e 3000 a. C., nos vales dos rios Nilo, no Egito e Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia; posteriormente, mais ou menos em 2 500 a.C., no vale do rio Indo, na Índia e por volta de 1 500 a. C., na China.

Crescente Fertil
O Crescente Fértil, região do Oriente Médio compreendendo os atuais Israel, Cisjordânia e Líbano bem como partes da Jordânia, da Síria, do Iraque, do Egito e do sudeste da Turquia.
O termo Crescente Fértil foi criado, em referência ao fato de o arco formado pelas diferentes zonas assemelhar-se a uma Lua crescente
Todo ano, quando a neve das montanhas da Armênia derretia, o Tigre e o Eufrates inundavam as planícies próximas às suas margens, cobrindo-as com uma camada de lama extremamente fértil. Isso atraiu vários povos para a região durante toda a Antiguidade
É a chamada "meia-lua fértil" ou "Crescente Fértil", dentro do qual está também a Palestina.
Esta faixa de terra é regada por importantes rios, que condicionavam a vida do oriental antigo. Foram os rios que determinaram o estabelecimento da agricultura, da sedentarização e das rotas comerciais por onde passavam as caravanas que iam desde a Mesopotâmia até o Egito ou a Arábia.
Se partirmos do Golfo Pérsico e traçarmos uma meia-lua, passando pelas nascentes dos rios Tigre e Eufrates, colocando a outra ponta na foz do Nilo, no Egito, teremos uma região bastante fértil.



Agricultura, trabalho coletivo e cidade
As enchentes periódicas dos rios deixavam nas margens uma camada de húmus que favorecia a produtividade da terra. Entretanto, os rios que fertilizavam o solo e serviam de acesso às fontes de matérias primas precisavam ser drenados e controlados, o que demandava a cooperação entre os homens.
A abertura de canais de irrigação, a drenagem de pântanos, a construção de represas e poços eram obras que requeriam o trabalho coletivo da população de várias aldeias, para o melhor aproveitamento das águas. Exigiam também uma direção centralizada, capaz de dividir e racionalizar as tarefas.
A necessidade de centralização levou ao aparecimento da cidade, centro administrativo que reunia várias aldeias surgido em torno do templo do principal deus totêmico da comunidade. Nesse templo era armazenada a produção excedente das aldeias; à sua volta, viviam as pessoas que se dedicavam à administração, ao comércio e ao artesanato.
Entre os servidores do templo, destacavam-se os sacerdotes (herdeiros dos “feiticeiros” das aldeias neolíticas), intérpretes da vontade dos deuses, que acabavam por assumir a função de dirigentes das cidades. Exerciam tarefas de muita importância. Como a distribuição das águas e das sementes, a supervisão das colheitas e a armazenagem dos grãos, apropriando-se também de boa parte das terras e da produção dos  camponeses, como pagamento de impostos devidos aos deuses.

A Divisão do Trabalho, as desigualdades sociais, o Estado
Além do desenvolvimento da agricultura, com direção centralizada dos trabalhos coletivos de irrigação, outros fatores contribuíram para transformar as aldeias em cidades. As técnicas de trabalhar metais, ouro,  prata, bronze, se desenvolveram com rapidez, tornando-se profissões especializadas, como joalheiros e metalúrgicos.
A existência das primeiras cidades dependia também da possibilidade de se organizar o transporte eficaz de grandes quantidades de produtos e de matérias primas. Os habitantes das cidades precisavam receber com regularidade alimentos vindos dos campos ou de localidades distantes. Era indispensável ir buscar em florestas e montanhas, por vezes longínguas, madeira, metais e até pedra.
Essas necessidades levaram a um grande aperfeiçoamento dos meios de transporte e ao desenvolvimento do comércio.
As canoas primitivas foram sendo aperfeiçoadas, até se transformarem em autênticos navios, capazes de transportar artigos volumosos. A descoberta da vela aumentou o raio de ação dos navios. De igual significação foi o desenvolvimento dos transportes terrestres, com  a invenção da roda, da tração animal e também do arado de metal.
O comércio, de início, se processava por simples troca; depois, pelo uso do gado (pecúnia) como unidade de troca, ou por meio de artigos valiosos facilmente transportáveis, tais como os metais (cobre e posteriormente ouro e prata). O aparecimento de mercadores especializados deveu-se à necessidade de se adquirir produtos estrangeiros em regiões distantes, transformando essa atividade numa profissão.
O desenvolvimento do comércio e da vida urbana em geral tornou inevitável a invenção da escrita, dos processos de contagem, dos padrões de medida e do calendário, que foram sendo melhorados com o tempo.
Nas cidades, os cidadãos passaram a ser classificados de acordo com a sua função, incluindo os sacerdotes, os escribas, os mercadores, os artesãos, os soldados, os camponeses,  os escravos domésticos, os estrangeiros. A divisão do trabalho e as  desigualdades de riquezas entre os cidadãos criaram a necessidade de leis e de forças capazes de fazer cumprir as leis. A liderança natural do grupo, que nas aldeias era exercida pelos mais velhos e sábios, cedeu lugar ao governo de um só homem, geralmente o principal administrador do templo ou um grande chefe guerreiro, surgindo assim a cidade-Estado.
Por volta de 3 500 a.C., as cidades dos vales dos rios Nilo, Tigre e Eufrates já constituíam civilizações com governo centralizado nas mãos do rei e o trabalho baseado na servidão dos camponeses.
Por Fábio Costa Pedro e Olga M. A. Fonseca Coulon

terça-feira, 16 de abril de 2013

A INDEPENDÊNCIA DA AMERICA ESPANHOLA


A elite criolla apoiava o rei deposto porque não concordavam com o governo imposto por Napoelão Bonaparte.
Napoleão colocou seu irmão José Bonaparte no trono espanhol em 1808.
Enquanto a Coroa espanhola esteve sob domínio napoleônico não pode manter o monopólio sobre o comercio com as colônias americanas. Portanto podiam comerciar livremente com outros países.
Quando a Coroa conseguiu se livrar do domínio napoleônico conseguiu reatar o monopólio com suas colônias.Isso desagradava a elite criolla que começou a se opor as autoridades coloniais e a organizar movimentos pela independência.

O Vice-Reino da Prata
(Argentina, Paraguai e Uruguai)

O movimento de independência teve inicio em 1810, quando os criollos decidiram criar uma Junta de Governo em Buenos Aires, passando a existir assim uma regra de governo independente da Espanha.
Em 1816 foi proclamada a independência das Províncias Unidas do Rio da Prata, correspondente a atual Argentina.
A região do atual Paraguai não reconheceu a autoridade da Junta de Governo e proclamou a independência em 1811.
Na região do atual Uruguai, um movimento armado liderado por José Artigas tinha o objetivo de combater pela independência. Em meio aos conflitos, Portugal envia tropas do Rio de Janeiro que invadiram o território e o anexaram ao Brasil com o nome de Província Cisplatina. A luta pela independência recomeçou em 1825. O Uruguai tornou-se independente somente em 1828.

Nos Andes

Dois grandes líderes destacaram-se nas lutas contra os espanhóis: Símon Bolívar e José de San Martín ficaram conhecidos como “Libertadores”.
San Martín lutava no exercito espanhol, mas sabendo que lutas pela independência haviam estourado na região da Prata, comandou um exército chamado Exército dos Andes e lutou pela independência do Chile e do Vice-Reinado do Peru.
Símon Bolívar membro de uma rica família Criolla é sem dúvida, o mais conhecido libertador.
Participou de vários movimentos de independência em varias partes do continente americano, tornando-se líder da luta contra o domínio espanhol na porção norte da America Latina.
A partir de 1818 comandando um exercito formado por brancos, indígenas, negros e mestiços, passou a alcançar vitorias decisivas na luta pela independência. Em 1819 conquistou o vice-reinado na Nova Granada e expulsou os espanhóis da Venezuela e Equador. Esses territórios  juntos, formaram um novo país chamado Republica da Grande Colômbia e Bolívar foi nomeado seu presidente.
Um impasse entre Simon Bolívar e San Martin, fez com que San Martin se  afastar  do movimento de luta pelas emancipações. Bolívar permaneceu como o líder principal das lutas contra as forças espanholas.
Em 1324 o exercito de Bolívar venceu as espanholas  e no ano seguinte foi proclamada independência da Bolívia.

Independência do México

No México as lutas pela independência foram feitas pelos camponeses, liderados pelos padres Miguel Hidalgo e José Maria Morelos que exigiam também terras para cultivo.
A elite Criolla e os espanhóis temendo perder suas terras uniram-se contra os camponeses. O líder Hidalgo foi fuzilado e Morelos foi morto em combate.
Em 1821, um comandante Criollo chamado Augustin Itúrbide resolveu juntar-se aos camponeses.
Em 1822, com o apoio da população Itúrbide proclamou a independência e tornou-se imperador. Porem em 1823 uma revolução Criolla o obrigou a abdicar e proclamar a Republica. A America Central que havia sido anexada ao México por Itúrbide, separou-se e desmembrou-se em varias pequenas Republicas. Em 1825 a escravidão foi abolida no México.

A intervenção dos Estados Unidos

Como a Espanha não conseguiu conter os movimentos por independência em suas colônias, solicitou tropas da Santa Aliança. Porem Inglaterra e os Estados Unidos se opuseram ao apoio.
Em 1823, os Estados Unidos foram a favor da independência da America espanhola e declarou que a intervenção europeia na America seria uma provocação aos Estados Unidos. A decisão de apoiar a America, conhecida como Doutrina Monroe se resumia em uma frase “ A America para os americanos”.
Dessa forma a Santa Aliança, desistiu de ajudar a Espanha.
Em 1826 foi realizado um congresso com representantes da Colômbia, Peru, México e países da America Central.
O Congresso do Panamá fracassou em sua tentativa de unidade-latino-americana sustentada por Simon Bolívar, devido a divergência de interesses locais e regionais sobre interesses os gerais.
Mesmo após a independência da America espanhola, a situação econômica e social não se alterou muito em vários países a escravidão continuou existindo.
A situação só mudou nas ultimas décadas do séc. XIX quando foram se estabelecendo relações entre a America de colonização espanhola e portuguesa com os países industrializada da Europa e da America do Norte. Foi a época do chamado imperialismo.

sábado, 13 de abril de 2013

COLONIZAÇÃO ESPANHOLA


Após a notícia da chegada de Colombo em um território até então desconhecido aos europeus, uma série de expedições espanholas, resultou na descoberta da existência de metais preciosos nessas novas terras. Essa descoberta levou à conquista desses territórios e das nações que nela habitavam.
Ao chegarem aqui, os espanhóis depararam-se com civilizações capazes de elaborar complexas instituições políticas e sociais.
Apesar da descoberta, a satisfação dos interesses econômicos mercantis era muito maior que o valor daquela experiência cultural.
Os soldados de Hernán Cortéz venceram os Astecas, Pedro de Lavarado e seus homens dominaram a região da Guatemala, Francisco Pizarro e seus comandados destruíram o poderoso Império Inca, a Colômbia dos Chibchas foi arrasada pelas tropas de Jimenez de Quesada, Pedro Valdívia e Diego de Almagro conquistaram o Chile dos Araucanos e Pedro de Mendonza com suas tropas aniquilou os Charruas, dominando a vasta região do Rio Prata.
A colonização espanhola foi terrível e violenta, primeiro pela superioridade bélica dos europeus, o próprio contato com os europeus provocou a instalação de epidemias que matavam as populações nativas em poucos dias. Outra forma de dominação utilizada pelos espanhóis foi o acirramento das rivalidades já existentes entre tribos locais rivais. Depois dos nativos se desgastarem em conflitos, a dominação hispânica agia para controlar as tribos em questão.
Durante a conquista a Coroa espanhola enviava pessoas encarregadas de conquistar vários territórios apropriando-se de suas riquezas e sua população, podendo utilizá-las como bem entendessem desde que pagassem os impostos determinados pela coroa, essas pessoas eram chamadas de “adelantados”.
Devido a cobiça dos adelantados na metade do século XVI a Coroa tratou de substituí-los por funcionários de sua confiança e criou quatro Vice-reinados e quatro Capitanias Gerais. Suas funções eram a fiscalização e a vigilância sobre todos os funcionários.




Na metrópole ficavam os departamentos encarregados das decisões finais: a Casa de Contratação e o Real Supremo Conselho das Índias.
A Casa de Contratação foi fundada em 1503 e tinha todo controle da exploração colonial
O Real Supremo Conselho das Índias, foi criado em 1511 para administrar as colônias, cabendo-lhe nomear os funcionários coloniais, exercer tutela sobre os índios e fazer as leis para a América.

A sociedade na América espanhola pode ser representada da seguinte forma:



A estrutura colonial imposta pela Espanha visava essencialmente o envio de metais preciosos à Espanha, sob a forma de tributos ou através do pagamento de utilidades necessárias aos colonos e estes eram obrigados a adquirir através dos comerciantes metropolitanos.
O mais importante imposto cobrado dos colonos era o quinto, que incidia sobre toda extração de matais preciosos. Além de impostos de importação e exportação, além de “contribuições” obrigatórias a Coroa espanhola.
A principal forma de exploração de mão de obra era o sistema de “encomienda” e a “mita”.
A “encomienda” era um sistema em que o encomendeiro recebia da Coroa, direitos sobre uma área, onde podiam cobrar tributos em dinheiro ou em forma de trabalho dos índios, mas eram obrigados a ampará-los e protegê-los e instruir-lhes o catolicismo.
A “mita” ou repartimento era empregada principalmente nas áreas de mineração. As tribos indígenas eram obrigadas a fornecer um determinado número de pessoas para trabalhar nas minas, eram obrigados, constantemente a fazer deslocamentos de centenas de quilômetros desgastando-se fisicamente e trabalhando arduamente nas minas.