quinta-feira, 18 de abril de 2013

A ASCENSÃO DO NAZISMO NA ALEMANHA


Viu-se que, após a Primeira Guerra, o Tratado de Versalhes (1914) impôs duras condições aos perdedores. Rica em carvão e aço e com a maior população da Europa, a Alemanha perdeu parte dos seus territórios para a Polônia e os novos Estados criados no Leste Europeu. Alem disso, ficou sujeita a pagar uma pesada indenização e sofreu serias restrições militares.
No inicio dos anos 1920, os alemães enfrentaram uma enorme instabilidade política e econômica. Uma inflação gigantesca e o desemprego em massa assombravam os trabalhadores e a classe media. Apenas as empresas de exportação e os especuladores acumulavam grandes fortunas com a desvalorização da moeda. O novo governo conhecido como Republica de Weimar, sob a liderança do Partido Social-Democrata – responsável pela assinatura do Tratado de Paz-, logo passou a sofrer a oposição de parte da população.
Já em 1919, entre tantos grupos contrários ao Tratado de Versalles, pregando o revanchismo alemão, foi criado o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães ou Partido Nazista ultranacionalista e anticomunista. Logo, Adolf  Hitler (1889-1945), ex-combatente a Primeira Guerra, tornou-se o principal líder do partido. Grupos armados, paramilitares, organizaram-se para proteger suas reuniões e invadir as de seus opositores. Surgiram, assim, as tropas de assalto na AS (camisas pardas).
Em 1923, Hitler tentou dar um Golpe de Estado e foi condenado a cinco anos de prisão, mas cumpriu apenas oito meses. Enquanto estava detido, escreveu a autobiografia Mein kampf (Minha luta) na qual expôs seus principais pensamentos sobre a superioridade ariana e a necessidade de se impor as demais nações.
A crise de 29, com o consequente corte de empréstimos externos, interrompeu o processo de recuperação econômica da Alemanha. O aumento das falências, do desemprego e da pobreza favoreceu a ascensão de extremistas políticos – de direita e de esquerda – que se tornaram maioria no Parlamento. Nesse contexto, as tropas de assalto impuseram a violência nas ruas por meio de confrontos contra seus opositores.
Assustados com o crescimento do comunismo empresários e latifundiários reviram a possibilidade de apoiar Hitler para conter o caos social. Nessa conjuntura, os nazistas receberam recursos para sua propaganda e o partido tornou-se o segundo maior da Alemanha. Muitos alemães passaram a acreditar que a Republica de Weimar lhes havia sido imposta pelos aliados.

O Terceiro Reich

Em 1933, exercendo forte pressão sobre o presidente Hindenburg, Hitler, mesmo derrotado nas eleições do ano anterior, foi nomeado chanceler e propôs a construção do Terceiro Reich (Terceiro Império Alemão).
Um incêndio no Reichstag (Parlamento) foi atribuído a uma conspiração comunista. Os parlamentares conferiram plenos poderes a Hitler. Os partidos políticos foram dissolvidos e as liberdades, suprimidas, restando apenas o Partido Nazista.
No ano seguinte com a morte de Hindenburg, Hitler incorporou a função de presidente e tornou-se o Führer (líder) do povo alemão. A AS invadiu e fechou sindicatos. No lugar destes, foi criada a Frente dos Trabalhadores Alemães, uma associação compulsória em que eles não tinham voz ativa. Foi fundada, também, a Gestapo, policia secreta nazista. Suas ações geraram um período de intimidação e violência. Surgiram os primeiros campos de concentração, para onde os opositores do regime foram enviados. As SS (fardas pretas), corpo paramilitar de elite, ganharam ainda mais poderes.
Em 1935, Adolf Hitler, contrariando o estabelecido em Versalhes, impôs o alistamento obrigatório e deu inicio á construção da marinha militar e á criação de uma força aérea. No ano seguinte, remilitarizou a Renânia, instalando fábricas de armamentos e acelerando o rearmamento alemão.
Com o salto na indústria bélica e o surgimento de uma economia de guerra, houve uma rápida recuperação econômica do país. Foram construídas estradas e grandes obras públicas e, com elas, o desemprego diminuiu. Ao mesmo tempo, o nazismo era introduzido nas escolas, nas universidades, nos tribunais, na arte, na cultura e na indústria.
Para muitos alemães, Hitler tirou o país da falência, tornando-o, novamente, a nação mais poderosa da Europa continental. Com a oposição praticamente eliminada, o Führer passou a ser venerado por milhões de alemães e admirado e imitado, até mesmo, externamente.

Um Estado Totalitário

O programa do Partido Nazista trazia 25 princípios e proposições para se chegar á constituição de uma “Grande Alemanha”. Algumas propostas de esquerda, como a reforma agrária, a participação dos empregos nos lucros e a nacionalização dos trustes estavam presentes. Entretanto, tais metas foram abandonadas quando os nazistas assumiram o poder.
O amplo projeto de controle social, guerra e racismo estavam explicito desde o inicio da pregação nazista: o antissemitismo; o sufocamento do movimento operário, com a aniquilação do bolchevismo; e a reivindicação do espaço vital, com o impulso para o leste e a conquista da hegemonia sobre a Europa continental.
A adesão de parte da população a tal projeto, no qual a intolerância era levada ao extremo, é, ainda hoje, objeto de debates e controvérsias. Muitos autores consideram que a propaganda nazista foi plantada em terreno fértil, manipulando desejos, preconceitos e ódios, já existentes entre a população. Outros dão mais ênfase à situação econômica e social da Alemanha e á violenta repressão, isto é, não tratam apenas do poder de cooptação da propaganda, direta ou dissimulada, e do compartilhamento de ideologia do Terceiro Reich.
Sob a liderança de Josef Goebbels (1897-1945), uma concepção da propaganda como arma psicológica capaz de atingir a emoção das massas elevou as técnicas de persuasão política a patamares desconhecidos até então. O uso de pouquíssimas máximas, repetidas incessantemente por diversos meios, inclusive cinema e o radio, consolidou-se como uma maneira de destruir os inimigos e formar o “novo homem” nazista.
A arte, a literatura, a arquitetura, enfim, todos os aspectos da cultura foram minuciosamente pensados como forma de propaganda do regime. Isso incluía também um forte investimento da educação, ou seja, na modelagem e formação de caráter das gerações mais jovens. Manuais escolares e professores eram preparados para reproduzir a ideologia nazista. Em 1936, a adesão à juventude hitlerista, organização do partido, tornou-se obrigatória para os adolescentes. Ideais de disciplina, sacrifício, sangue, poder, força, militarização, trabalho, esporte, etc, eram mobilizados para criar uma imagem positiva de felicidade, ligada á preparação de uma “raça vigorosa e pura”, disposta a matar e morrer pelo Führer.
O principal elemento da propaganda política era o extenso calendário de cerimônias e festividades institucionalizadas pelo nazismo. Os gestos e símbolos – os uniformes, a saudação “Heil Hitler”, a bandeira nazista, os emblemas da águia e a suástica – tinham excepcional importância.
Os comícios, desfiles e paradas era meticulosamente preparados, teatralizando um espetáculo para e com as massas. Bandeiras, luzes, corpos em sincronia – verdadeiras ondas humanas – e símbolos reforçavam um sentimento de comunhão quase religiosa entre a população e seu líder.
Além do uso da propaganda e da persuasão tentavam-se eliminar a multiplicidade de ideias por meio da violência física e psicológica, fazendo com que poucos, ao menos abertamente, ousassem discordar do regime. Assim, a queima publica de livros proibidos, a eliminação dos inimigos e o aparato policial, visível e invisível, compunham uma atmosfera de ameaça constante para todos. O medo, a inveja e a ambição levavam a população a se envolver ativamente no jogo de sentinela da ordem nazista, fazendo com que a vigilância estivesse em todos os lugares.
Dessa maneira, o nazismo instalava-se no cotidiano das pessoas comuns. Os meios de comunicação, associações, empresas, igrejas, escolas e universidades eram integrados ao partido. Buscavam-se a abolição das barreiras entra a vida publica e a privada, com a abertura de correspondência, investigações policiais constantes e o incentivo á delação.
Essa pretensão de conquistar e controlar toda a sociedade levou estudiosos do tema, como a filosofa Hannah Arendt, a considerar a Alemanha nazista e também a União Soviética, comandada por Josef Stalin, como regimes totalitários.

O Estado totalitário não simbolizam apenas a ditadura. Além da eliminação do espaço para as diferenças, ele visava a domesticação das vontades por meio da obediência e a da autodisciplina, fazendo com que cada individuo se identificasse com o regime.
Mesmo os laços sociais fundamentais, como a família, as amizades e as camaradagens, deviam se juntar ao partido na busca de uma lealdade total e incondicional.
Embora a intenção fosse reformar um corpo social único e indivisível, estudos recentes mostram que, mesmo que sutis e raras, houve resistências internas ao nazismo e ao stalinismo.

Fonte Bibliográfica:
MORENO, Jean Carlos & VIEIRA, Sandro. História, cultura e sociedade. Curitiba: Positivo, 2010

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